segunda-feira, 9 de setembro de 2013

CLÁSSICO LIGEIRINHO



Há algum tempo, fomos, minha mulher e eu, visitar a nova moradia dum casal então recentemente conhecido.

O perfil socio-económico do dito cujo fez suspeitar a tendência exibicionista do convite.

O pior confirmou-se; Uma certa burguesia emergente em todo o seu esplendor: Artefactos “ready-to-wear”, alguma pintura pseudo-arte, basicamente, tudo muito “mass-market”!!...

Elegante e educadamente como sempre, a minha mulher elogiou com um competente mas não muito convicto “bastante confortável” ao que a dona da casa retorquiu com a entoação nasalada adequada:

            “Acha? Nós também... É assim um clássico ligeirinho!!...

Simpatizei com a expressão por duas razões:

 Pela sua portugalidade, pela sua intrínseca afirmação do “ser português”
a)     Clássico: Qual a diferença real e substancial para monótono, cinzento, igual a tudo o resto?
b)    Ligeirinho: Os nossos ditos brandos costumes impedem-nos a afronta, a afirmação dum estilo, a diferença, a profundidade mais aconselhando a superficialidade conforme...

 Pela sua analogia com uma potencial caracterização do estado-de-arte dum certo jornalismo em Portugal, em particular na área económica ou assumida como tal: a tentativa de contextualização pseudo-científica – no caso do nosso casal de emergentes, de definição de estilo – dum conjunto de lugares comuns – no caso do nosso casal de emergentes, os artefactos vulgares – pretensamente com piada – no caso do nosso casal de emergentes, com bom-gosto...

Em suma, 90% de banalidades pretensiosas para 10% de conclusões pirosas!!...

(E agora que acabo de ler isto que escrevi ocorreu-me uma pergunta: será que já estou
também assim?...)


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