Há algum tempo, fomos, minha
mulher e eu, visitar a nova moradia dum casal então recentemente conhecido.
O perfil socio-económico do dito
cujo fez suspeitar a tendência exibicionista do convite.
O pior confirmou-se; Uma certa
burguesia emergente em todo o seu esplendor: Artefactos “ready-to-wear”, alguma
pintura pseudo-arte, basicamente, tudo muito “mass-market”!!...
Elegante e educadamente como
sempre, a minha mulher elogiou com um competente mas não muito convicto “bastante
confortável” ao que a dona da casa retorquiu com a entoação nasalada adequada:
“Acha?
Nós também... É assim um clássico ligeirinho!!...
Simpatizei com a expressão por
duas razões:
1ª Pela sua portugalidade, pela sua intrínseca afirmação
do “ser português”
a)
Clássico: Qual a diferença real e substancial para monótono,
cinzento, igual a tudo o resto?
b)
Ligeirinho: Os nossos ditos brandos costumes
impedem-nos a afronta, a afirmação dum estilo, a diferença, a profundidade mais
aconselhando a superficialidade conforme...
2ª Pela
sua analogia com uma potencial caracterização do estado-de-arte dum certo jornalismo em Portugal, em particular na área
económica ou assumida como tal: a tentativa de contextualização pseudo-científica
– no caso do nosso casal de emergentes, de definição de estilo – dum conjunto
de lugares comuns – no caso do nosso casal de emergentes, os artefactos
vulgares – pretensamente com piada – no caso do nosso casal de emergentes, com
bom-gosto...
Em suma, 90% de banalidades pretensiosas
para 10% de conclusões pirosas!!...
(E agora que acabo de ler isto que escrevi
ocorreu-me uma pergunta: será que já estou
também assim?...)
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