No n/último texto procuramos evidenciar a indispensabilidade da
reconceptualização da Contabilidade nas organizações: de sistema de informação
normalizado e orientado para a preparação de informação para agentes externos à
organização, v.g. Estado, Banca, Mercados, Investidores, etc. para um sistema
de informação adequado às necessidades específicas dos Executivos no suporte do
processo de tomada de decisão.
Quando, em contexto académico ou empresarial, questionamos – e
fazemo-lo há muito, mesmo muito tempo!!... – Executivos dos mais diversos tipos
de instituições sobre quantas decisões já tomaram na sua vida profissional com
base em informação contabilística, mais de 90% das respostas é um significativo
“Nunca !!…” eventualmente justificado pelo facto de “… a contabilidade não
satisfaz a(s) minha(s) necessidade(s) informativas” dado que “só serve para os
impostos!!...”.
Urge sanear este estado de coisas!!...
Urge (voltar a) conferir à informação contabilística, enquanto
ferramenta de gestão, a importância, a dignidade que merece!!...
Urge libertar a Contabilidade do jugo da Fiscalidade e da
correspondente standartização imposta de fora para dentro!..
Um dos principais, senão mesmo o principal handicap que empresas e outras instituições nacionais evidenciam no
ambiente competitivo em que operam, consiste na inadequação e ineficácia dos
seus modelos de Controlo de Gestão e Avaliação de Performance.
Ora, tal facto decorre, em larga medida, das insuficiências gritantes
dos seus Sistemas de Informação de Gestão, mormente de natureza contabilística
e financeira.
Como calcular o custo de funcionamento dum determinado departamento da
sua organização incluindo custos indirectos que lhe sejam atribuíveis?
Como calcular o custo unitário e a rendibilidade dum determinado
produto ou serviço da organização nas mesmas condições?
Como decidir acerca do preço a praticar para o seu produto ou serviço
num negócio especial?
Como decidir sobre desenvolver internamente determinado serviço ou
proceder a outsourcing?
Como decidir sobre comercializar um produto e/ou serviço no actual
estádio de transformação ou comercializá-lo após um up-grade técnico ou tecnológico?
Como decidir sobre a continuidade ou o encerramento da exploração duma
subsidiária ou sucursal da sua empresa, dados os prejuízos registados?
Ou, analogamente, no que concerne a uma gama de produtos e/ou
serviços?
É a estas e muitas outras questões, que se colocam quase diariamente
aos Executivos, que os Sistemas de Informação Financeira tradicionais,
suportados em modelos normalizados de Contabilidade vocacionados para o reporte
informativo para o exterior, não dão resposta.
A constatação de tal facto determina a incontornabilidade da concepção
de modelos evoluídos de Contabilidade de Gestão que assegurem a satisfação das
necessidades informativas cada vez mais específicas da Gestão para Controlo e
Avaliação de Performance.
A actual conjuntura económica nacional e internacional faz recrudescer
a sua importância; Em economias deprimidas ou com perspectivas de moderado ou
até mesmo nulo crescimento, a manutenção de níveis mínimos de rendibilidade
passa, muito mais que pelo aumento de proveitos, pela contenção e
racionalização dos custos para o que se torna, naturalmente indispensável o
conhecimento da sua estrutura e processo de formação.
O mesmo pode ser afirmado no contexto do Sector Público: o
conhecimento e racionalização do processo de formação dos custos de operação é,
igualmente, um contributo vital, em termos macroeconómicos, para a contenção da
própria Despesa Pública.
É neste sentido que a Contabilidade de Gestão se assume como um factor
crítico de produtividade e competitividade na gestão das organizações no séc.
XXI.