quarta-feira, 10 de abril de 2013

O CONTROLO DE GESTÃO E AS P.M.E



Os acontecimentos registados nas últimas três décadas, a partir do choque petrolífero de 1973, terão sido os factores determinantes da (r)evolução das orientações de gestão desde então assinaladas.

Os “golden sixties”, caracterizados por uma crença infra-racional na inesgotabilidade dos recursos ou na sua permanente renovação, foram sucedidos pelos “gloomy seventies” travejados na escassez e detonadores da indispensabilidade da avaliação da produtividade. É o advento da era do “Controlo”.

A instabilidade dos modelos de desenvolvimento e a imprevisibilidade da evolução do enquadramento, levam a que o clássico processo de planeamento funcional visando a optimização da eficiência na utilização dos recursos ceda o passo a um processo sistémico que objectiva a eficácia na afectação dos mesmos; Em paralelo, o Controlo Orçamental tradicional, de matriz financeira e vocação retrospectiva, evoluiu para um modelo integrado de controlo e avaliação da “performance” enquadrado por quatro referenciais: a estratégia, os sistemas de informação, o processo de tomada de decisão e os comportamentos.

A ferramenta mais rutilante deste autêntico “control-mix” é o “Balanced Scorecard”. 


O tecido empresarial português, na área das PME, evidencia, contudo, sinais de atraso preocupante no acompanhamento dos ventos da mudança.

Quatro factores parecem poder explicá-lo.

Em primeiro lugar, a dimensão; Mesmo para um universo já segmentado, a média PME portuguesa é pequena, reflexo natural da dimensão real dum país que tarda a saber lidar com isso mesmo. No domínio do Controlo, tal facto não é estimulante da implementação de modelos com relevante impacto estratégico, não tanto pelo investimento necessário em recursos técnicos mas, muito mais, pelo sobre-esforço que implicam para os Recursos Humanos, normalmente nestas estruturas sempre muito próximo de limiares de plena utilização.

A inadequação progressiva dos sistemas de informação de gestão parece constituir uma segunda causa de constrangimentos. O seu enfeudamento à contabilidade externa normalizada determina a redução das suas valências nas perspectivas da tomada de decisão e do controlo.

Um terceiro factor parece poder ser constituído pelo quadro de valores,  competências e saberes que, numa certa perspectiva, constitui a cultura da organização. A pulverização do tecido empresarial português releva um “déficit” estrutural e estruturante de capacidade de gestão: um estudo levado a cabo pelo I.N.E. conclui que apenas 5,9% dos Directores e Gerentes de PME possuem formação superior, sendo mesmo que 79,9% apenas, exibem formação secundária. Na área do Controlo, as carências são confrangedoras; Sabendo-se que a eficácia do Controlo depende em muito da eficiência do Planeamento, não é possível pactuar com processos em que este se reduza à produção de números putativamente representativos de previsões-objectivos obtidos por mera extrapolação algébrica dos seus congéneres do período anterior!!...

Finalmente, o deficiente entendimento do próprio conceito de Controlo, costuma constituir um factor condicionante. A associação do conceito de Controlo a fiscalização, vigilância, “policiamento”, confere-lhe uma conotação “politicamente incorrecta” determinante de comportamentos de rejeição tanto mais problemáticos quanto se assumam como focos de resistência à mudança.

Começa, todavia, a ser urgente que se reconheça o impacto estratégico do Controlo na produtividade e competitividade das P.M.E..

Gerir na perspectiva do sucesso, já foi produzir, já foi vender, já foi atrair clientes, já foi informatizar; Hoje, mais do que nunca, gerir é controlar!!...

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